Por que nos preocupamos mais com pets que com os cristãos perseguidos?

Pastor questiona postura da Igreja no Ocidente diante da massacre mundial de cristãos

por Jarbas Aragão

Nos preocupamos mais com pets que com os cristãos perseguidos

Embora haja um grande silêncio da mídia sobre isso, mais cristãos são perseguidos hoje do que em qualquer outro momento da história. Todos os meses, mais de mil cristãos em todo o mundo são mortos ou atacados por sua fé, enquanto centenas de igrejas e outras propriedades de cristãos são destruídas. Existem vários relatórios sobre isso, de organizações evangélicas e também católicas.
O pastor e autor Johnnie Moore resolveu coletar testemunhos de algumas das pessoas que vivem isso diariamente no livro: “The Martyr’s Oath: Living for the Jesus They’re Willing to Die For” [O juramento do mártir: vivendo para o Jesus por quem eles estão dispostos a morrer].
Moore destaca que “Acho que as pessoas não entendem. Perdemos 80% dos cristãos no Iraque e 50% dos cristãos na Síria. Perdemos 99% dos cristãos na Turquia em apenas uma geração”. Ele resgata estatísticas para indicar um padrão. Lembrando, por exemplo, que a perseguição está em ascensão, uma vez que cerca de 600.000 cristãos sofreram com isso em todo o mundo em 2016. A grande maioria, ressalta, nas mãos do terror islâmico.Durante anos, Moore trabalhou com diferentes segmentos evangélicos em um trabalho de “bastidores”. Como escritor, professor de Religião e vice-presidente da Liberty University, a maior universidade cristã do mundo. Agora, decidiu partir para a linha de frente e ajudar a despertar a Igreja para a realidade da perseguição que não dá sinais que diminuirá em 2018.
Ele conta que foi despertado para isso quando participou de uma cerimônia de formatura de um grande seminário teológico na Índia. Na ocasião, cerca de dois mil jovens estudantes da Bíblia fizeram o seguinte juramento: “Mesmo diante da morte, não o negarei… Não vou temer… Eu sei que minha fé pode me custar a vida, mas eu seguirei em frente e amarei Jesus até então, não importa quando ou como será o meu fim”.
Para o pastor, aquilo foi uma “profunda experiência” que mudou sua vida. Impactado pelo testemunho e a fé daqueles jovens, começou a trabalhar junto a organizações que cuidam da Igreja perseguida em diferentes partes do mundo.
Seu desejo é que haja um despertamento das igrejas do Ocidente, onde a perseguição ainda é algo que eles apenas leem nos jornais. “Pegue o Sermão do Monte”, pede Moore. “Nós nos esforçamos para perdoar o nosso próximo, mas eles perdoam os seus carrascos. Nós lutamos com a ideia de dízimo, eles dão todo o seu dinheiro para ajudar os seus irmãos”.
“Eu nunca vou esquecer da freira que conheci no Iraque, pouco tempo depois que o Estado Islâmico foi embora de lá. Ela me disse: ‘Vocês [cristãos do Ocidente] se importam tanto com seus animais de estimação, quando vão se importar conosco? Por que você estão calados diante do nosso genocídio? Nos sentimos esquecidos”.
Moore diz que esse é um questionamento que todos nós deveríamos fazer. O investimento no “mercado de pets” cresce em todo o mundo. No Brasil, os donos de cães gastam, em média, 300 reais por mês; já os de gatos desembolsam 120 reais, em média. Um levantamento recente aponta que, em 2017, o faturamento nesse mercado foi de 19,2 bilhões de reais e expansão de quase 7%. Quando comparado com os investimentos das igrejas em trabalhos missionários e de apoio à igreja perseguida, fica evidente que o argumento da freira iraquiana tem razão de ser.
São reflexões como essa que a igreja do Ocidente precisa ouvir, justifica Morre, por isso resolveu escrever o livro. “Conheci uma família síria recém-convertida que recebeu muitas ameaças de morte dos jihadistas. Eles disseram que não se importavam em morrer, mas não queriam ser crucificados, como muitos ali. A família me disse ‘Nos sentimos tão indignos de morrer a mesma morte que o nosso Jesus’.”
Em suas viagens, Moore diz que ouviu muitos relatos sobrenaturais, de pessoas que receberam o livramento ou que, em meio à perseguição, puderam testemunhar para aqueles que planejavam matá-los. Em alguns casos, seus algozes se converteram ao ver a firmeza deles diante da morte.
O pastor diz que seus encontros com os membros da igreja perseguida o ajudaram a repensar (e avivar) a sua fé. “Grande parte do Novo Testamento foi escrito para os perseguidos ou fala sobre os perseguidos. O próprio Jesus foi morto por seus ensinamentos. Eu acredito que nós temos muita a aprender com nossos irmãos perseguidos”.Para ele, nossos dias requerem dos cristãos uma postura clara. “Ao contrário dos mártires jihadistas – que morrem em sua ‘guerra santa’ para ganhar um lugar no céu- os mártires cristãos já receberam a garantia que irão pro céu e é isso que os motiva a compartilhar o amor de Jesus no mundo”. Com informações de CBN e  Christianity Today

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